Quando o amor morre em um... e nasce no outro



Aproximando-se de quem um dia dividiu grandes sonhos com você, pode haver o risco de perceber no ato, que você já não mais provoca certas belezas.
Olhando nos olhos, não encontrará aquele brilho, tão velho conhecido. O olhar agora é enfadado, aborrecido perante a vida que de você emana. A tez seca, ranhuras por toda face, tristeza deixando cair as pálpebras. O riso já não abriga as cores vivas da primavera, mas transformou-se em folhas secas de outono na iminência da queda. Sua proximidade já não significa o alvorecer de um novo dia. E talvez não seja exagerado dizer que se pareça mais com o crepúsculo. Antes sonhos, agora quereres prosaicos, viagens de significados efêmeros. Discurso filtrado, palavras destiladas em sabores sem surpresas degustativas. Vinho azedo, café sem açúcar. Os gostos não ultrapassam o limite do trivial e o ordinário é o tempero do que seria a maior aventura. Logo, você compreenderá que aquele antes conhecido e amado, tornou-se um estranho. Assaz ensimesmado e distante. Não mais o dono dos sons que te alçaram à paixão. Não toma nada para si, além de si mesmo, claro! Te ofertou ao mundo…e não olhou para trás.
Mas na contrapartida, do seu coração, uma terra que você pensou infértil, brota o inusitado. Novas cores e perfumes emergem do solo seco. Os tons de amargura e decepção aos quais você insistiu ficar agarrada, se dissipam em meio à alegria de uma surpresa não esperada, mas muito bem vinda.
Um outro olhar, vivo e encorajador, deixa eclodir esperanças esquecidas e desejos adormecidos. Neste olhar corajoso e vigoroso, você descobre o desabrochar de sentimentos que se intensificam. Cada dia não é só mais um dia, mas sim único e desconcertante. Desgovernadas pelas formas nas ideias, as mentes não deixam de se unir uma a outra. Deixam-se perturbar pelas agruras externas, mas ficam ainda mais alarmadas com o riso leve que conseguem despojar. Desvendam uma a outra, protegem-se uma na outra, vivem uma para a outra. Orgulham-se de seu melhor, e atenuam a exposição de seu pior. Exaltam o sentimento que se constrói a cada minuto… e vivem cada minuto.
Seu coração te disse: você está novamente pronta. E uma outra história começa.


Texto: Luciane Trevisan Leal



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