A Festa Farra Brasil e o Povo da Comiseração



O Brasil é de fato o país da farra. Ás vezes penso ser a farra de poucos. Mas acho que se considerar os fatos recentes, posso concluir por uma farra de muitos. Vejamos os tipos que participam da Festa Farra Brasil.
Todos são bem vindos. Vê-se de tudo: gente comedida e espalhafatosa, gente que se importa com o juízo do outro e gente que repudia a opinião alheia. Gente no anonimato e de categoria pública. Jornalistas, juízes, políticos, “empresários religiosos” e finalmente, o povo brasileiro. Gente! Onde tem gente tem muita variedade!
Cada um vem para festa como pode. Com o que lhe é de direito (de direito consentido, melhor me colocando) ou como lhe convém. Aqueles do direito consentido trazem a família toda. De primeira classe e bebendo proseco. Estes pagam sua viagem com o dinheiro público. Os mais modestos, vem de transporte público de massa (ou que amassa). Estes últimos pagam sua locomoção do próprio bolso. São aqueles que vem para festa como lhe convém. Os miseráveis, os pobrezinhos com poucas oportunidades, aqueles que não merecem os líderes que eles próprios elegem.
Na Festa Farra Brasil o dinheiro público promove belos divertimentos e ostentações. Tem castelo, apartamentos funcionais para parentes de políticos, cartões corporativos com gastos astronômicos, verbas indenizatórias com as quais se compra comida para cachorros, fraudas, móveis para a casa e até filmes impróprios para menores. Na Festa Farra Brasil come-se pizza, muita pizza! E para os mais “lights” frutas, laranjas principalmente.
Mas normalmente o melhor da festa vem depois. Os comentários são de peculiar proveito. Vejam vocês, por exemplo, o senhor Sérgio Moraes (PTB – RS e relator do Conselho de ética): “Estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Nós nos reelegemos mesmo assim”. Um homem público que está “se lixando” para a opinião pública. Que maravilha!!! Mas pergunto. Por que o espanto? Ele mesmo, ao final de sua fala, explica: “nós nos reelegemos mesmo assim”.
Parabenizo o senhor Sérgio Moraes pela tamanha sensatez ao esboçar sua opinião. Ele sim é um afortunado. Pode falar em alto e bom som a mais pura verdade. Mal afortunados somos nós, cidadãos brasileiros, os “coitadinhos” que insistem em votar nos mesmos pilantras. Preferimos dizer por aí: burlem o pagamento de seus impostos para não alimentar a corrupção. Preferimos nos corromper já que “se ele pode eu também posso” e nos lixamos para a opinião pública como eles. É mais fácil a ter que exercitar a memória ou se informar um pouquinho mais para não colocar em Brasília essa corja. Preferimos participar da Festa Farra Brasil como nos convém: calados. É melhor, dá menos trabalho. Para não nos tornarmos o pilar para uma mudança, nos tornamos o povo do ressentimento e da comiseração. Temos pena de nós mesmos. E nos resignamos em nossa posição de coitados. É isso aí. Continuemos nos fartando na Festa Farra Brasil.

Texto: Luciane Trevisan Leal

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