É assustadora a história da menina de 9 anos estuprada pelo padastro em Pernambuco. Imaginar um homem, desculpem, na verdade um animal, cometendo esse crime é nojento e ultrajante.
Essa pobre criança, que possivelmente terá problemas psicológicos sérios no decorrer de sua vida, além da violência que sofreu, ainda ficou grávida de gêmeos. Sua mãe levou a gravidez de risco adiante, mas assinou o documento autorizando o aborto quando os médicos informaram do alto risco de morte que a mãe (não tão menos criança que um bebê), estaria submetida. Seus orgãos genitais, sua estrutura física como um todo, não estava preparada para acomodar duas crianças (a menina tem 36 kg e 1, 36m). A interrupção da gravidez foi realizada esta manhã.
Agora, indignação ainda maior é a que me provocou o arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, ao dizer que irá excomungar a mãe da criança e os médicos que retiraram os bebês. É absolutamente inaceitável que códigos morais, criados pelos homens, sirvam de respaldo para que um representante da Igreja de Jesus Cristo ignore, de forma veemente, o sofrimento e a vida de uma criança de 9 anos de idade. Gostaria de questionar o porquê da vida desta menina - estuprada, que passaria a infância cuidando de duas crianças quase que como em uma brincadeira de bonecas -, é menos importante que a vida dos bebês. O que autoriza a Igreja a eleger a vida dos bebês arriscando uma terceira vida? Lembro a todos: não estamos tratando de mulheres que engravidam irresponsavelmente. Estamos falando de uma criança que engravidou após um estupro!
Foi esse tipo de situação que me afastou da Igreja aos poucos. Espero nunca mais associar Deus a uma determinada Igreja, pois se fizesse isso, acabaria me afastando de Deus também. Bom, isso não ocorrerá. Esse tipo de atitude dogmática de alguns homens da Igreja Católica, para um caso como esse, é tão vazia de significado que não poderia mesmo ser confundida com representação Divina. E é justamente por me indignar com esse tipo de atitude, que permaneço livre de me perder de Deus.
Já passou da hora da Igreja rever seus dogmatismos, ou continuará afastando seus fiéis.
Texto: Luciane Trevisan Leal
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