Desperdício de uma raridade



Que pressão era aquela que desalinhava a forma?
Uma forma perfeita, no mais estrito senso da palavra
Que lentidão era aquela que não permitia a união definitiva dos corpos?
O dar-se as mãos. O agir em dupla no jogo. O pacto eterno.
Que força de hábito poderia ser maior que aquela emanação de vida?
E por que o costume insistia em resistir ao sublime inusitado do amor.
Qual seria a força nefasta e o que ela mascarava?
Seria o medo? Da pura e simples entrega? Da abnegação do ego?

O atraso, a imobilidade diante do tempo, o toque cego e apreensão de qualquer porcaria.
O desperdício das raras sensações, a fuga dos clichés românticos.
Em troca de quê? De uma racionalidade áspera e dispensável?
Tão somente para falar com propriedade: de orgulho e vaidade.
Estes éramos nós, deixados à mercê da pressão das pressões.
Da incapacidade de lidar com a novidade da força daqueles sentimentos.
Estávamos nós realmente relegados do paraíso?
Foi até aonde nos permitimos chegar?

Nos facultamos gastar nosso tempo tentando convencer o outro de algo, mas do quê?
Desperdiçamos nosso dias com mal entendidos, nunca de fato!
E hoje nos encontramos na mais perfeita sintonia: com o comum.
Encontramos a paz derradeira sob a mais rematada derrota.
Podemos dizer que superamos. E olhem para nós!
Belos e bem sucedidos… tristes no mundo e pelo mundo
Fingindo ter atingido a dignidade, longe das intimações do amor.
Realmente acreditando que elas foram nossa ruína.

Texto: Luciane Trevisan Leal

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Mosquitocídio



Como naqueles filmes do pior estilo trash: o ataque “neuroticamente” mortal dos mosquitos, torna seres humanos escravos dos mais variados estilos de agentes exterminadores. Quase um “mosquitocídio”, se é que assim se pode chamar.

Ás vezes penso que essa atitude apática da prefeitura do Rio aos tantos apelos por providências seja um conluio entre ela e os fabricantes de raquetes exterminadoras e pesticidas. O que mais se ouve no Recreio dos Bandeirantes a partir das 16 horas são os chiados dos venenos que matam insetos e destroem parte da camada de ozônio e ainda, os estalos das raquetes torrando os pobres infelizes maioritários moradores da região. Penso que em meio a guerra entre civis e mosquitos, há uma conspiração em prol do lucro de raqueteiros e das empresas de pesticidas. Talvez alguém mais esteja ganhando dinheiro com isso, não sei… Ou são apenas ONGS por trás, engajadas na manutenção da sobrevivência destes pobres seres. Não riam, o assunto é sério! Afinal, todos têm seu direito na cadeia alimentar. O que são poucos litros de sangue destes humanos atrevidos que tomaram a terra?
O verão está chegando, e com ele a Dengue. Uma doencinha de nada, que nem mata tanto assim! Talvez o nosso fantástico sistema de saúde tenha verba o suficiente para atender os “poucos” casos da doença. Ou talvez seja melhor que morram algumas centenas de pessoas em virtude dela, já que deve ser muito caro a fumacinha. Ou ainda, raqueteiros e donos de empresas de pesticidas me digam que não entendo nada de economia: “deixem que os mosquitos tomem conta do bairro pois só assim temos condições para a manutenção dos empregos nas fábricas de veneno aerosol, dos funcionários das fabriquetas de raquetes assassinas e dos vendedores de sinal de trânsito da Barra da Tijuca”.
E assim vamos levando. Esperando o verão! Dias de sol, mas também de muitas crateras e mordidas sobre a pela. E por que não! Que tal pegar uma dengue? Afinal, quanto mais gente morrer, melhor! Menores serão os gastos futuros com previdência.Suguem nosso sangue, transmitam-nos suas doenças e nos ajudem a despovoar um pouco este planeta! E vocês, mosquitos, terão seu lugar ao sol, ops! À calada da noite. AH, sei lá!

Texto: Luciane Trevisan Leal

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