Bispo Macedo e nossa Preguiça



Que tipo de sociedade queremos para nós? Quem são as pessoas que queremos como formadores de opinião?
Precisamos nos perguntar e responder a estas questões sempre que nos deparamos com certas aberrações que parece que estamos condenados a engolir. O bispo Edir Macedo, por exemplo, me provoca ânsia de vômito. Hoje li, em seu blog, um apelo pedindo doações para seu site, dizendo que os gastos com o mesmo são altíssimos, em torno de R$ 170 mil reais mensais. Sim, é isso mesmo! Eu disse R$ 170 mil mensais. Nós que temos blogs, sites e que trabalhamos com internet, sabemos que o custo desse tipo de serviço pode ser gratuito, e pode ao contrário, promover ganhos ao administrador. É um insulto à inteligência que este senhor já tão velho conhecido nosso, persista com tamanha cara de pau. Agora, problema maior, infelizmente, é saber que mesmo estando mais que provados os fins para essa dinheirama toda que o bispo recolhe nas doações, ainda há quem defenda essa pouca vergonha. Os defensores são os extorquidos.
Sabemos que em muitos casos, são pessoas de bem, que buscam genuinamente, e ingenuamente, por conforto espiritual. E sabemos também daqueles que parecem querer “barganhar” com Deus. Coisa do tipo “dou aqui, e depois ganho de lá”. Gente que doa ás vezes quase todo o salário mensal por que acredita em promessas do tipo: Quanto mais você contribui, maior será o seu retorno no futuro. Alimenta sua cobiça e fraqueza contribuindo com a ganância e esperteza alheias.
Postei em um site de notícias, há uns poucos dias, uma matéria sobre o assunto. Algumas pessoas não gostaram. Defendem seu direito de doar e acreditam estar sendo julgadas sem conhecimento de causa. Eu digo que ainda bem que vivemos em uma democracia e que da mesma forma que elas têm seu direito de doar o que quiserem eu tenho o meu direito de fazer minha crítica. E vou continuar fazendo, por que não dá para me calar diante de tanta vergonha. Eu afirmo. Não reclamem de nossos políticos corruptos ou da bagunça de nossas instituições. Nós brasileiros temos os líderes que merecemos, vivemos na pobreza que parecemos gostar. Por que somos capazes de pegar o salário de um mês e colocar nas mãos desse indivíduo, de compactuar com a enganação. Falamos de Deus, de justiça, de educação, mas entregamos de bandeja nossas economias nas mãos de um espertinho qualquer com o “dom da palavra” ao invés de usar esse mesmo dinheiro para investir na própria educação, por exemplo, e lograr um pouquinho mais de senso crítico. Mas é claro! Pra quê estudar, se alguém me diz que posso conseguir as coisas de uma maneira mais fácil, pagando a Deus por isso. Pra que dedicar anos de minha vida a uma sala de aula, se “conhecendo” Jesus (irresponsabilidade usar esse nome para este fim) eu terei tudo o que sempre desejei? E assim vamos seguindo…
Quem sabe não está na hora de buscarmos uma autêntica espiritualidade, que passa pelo reconhecimento de nossas reais limitações, do conhecimento da realidade, do que a vida pode de fato nos oferecer. Por que não entregamos o salário do mês, por exemplo, a ONGs preocupadas com o incentivo à educação?
Que tipo de sociedade queremos para nós? Quantos Bispos Macedo ainda vamos sustentar por pura preguiça? Pensemos um pouco nisso e comecemos de uma vez por todas a trazer para nós mesmos as responsabilidades por nossas derrotas. É a única forma de não precisar barganhar com Deus.

Texto: Luciane Trevisan Leal

Obs: Há um vídeo muito antigo sobre o assunto. Tentei colocá-lo mas não consegui. Deixo o link abaixo:






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