O Grito... que não é pintura


Insegurança, que seja momentânea, parece paródia na boca dos ditos otimistas.
Estes, serelepes, fingem não observar as vidas que se destroçam diante de seus olhos. 
Tão incisivas são as fontes de suas certezas…
E de tão disfarçadamente vibrante sua vivência, aparentam estar incólumes ao acaso.
Isto somente ostentam, claro!
Porque ninguém escapa aos eventos imprecisos do tempo.
São estes os que me dizem: Você? Tão entusiasmada na vivência cotidiana!
E na mesma medida tão desencorajada quando se expressa na escrita?
Aos que respondo: cada um com sua válvula de escape.
Que a minha resistência ao acaso possa ser declarada por esta ferramenta de linguagem.
Assim ao menos, posso me tornar menos incômoda aos que prezo.
Permitirei a eles o direito, diga-se de passagem muito bem vindo, de optar por não me ler!

Todos têm seus momentos de desesperança.
Até nos valemos das possibilidades de atuação no frágil tablado da vida!
Nele, há figurino desenhado para revestir sentimentos que nos permitem conviver.
O cenário é atrativo, penso! Mas tornar a vida uma eterna encenação de postura condigna?
De simulada posição de mediação para com o que não nos convence?
Isso me nego a fazer, ou ao menos tento... e me reservo esse direito!
Poderia descrever aqui as razões para a desesperança, que reitero, são momentâneas… 
Assim como tudo na vida!
O leitor deve estar se perguntando quais são elas. Mas não importa!
Mesmo porque, isto faria desta leitura algo ainda mais chato que o pessimismo implícito.
A cada um já lhe basta seus motivos para não esperar algo.
E a estes “o cada um desconhecido” não importa mesmo…
no que consistem meus profundos e sombrios buracos da não espera no espaço-tempo.

O que fica então é somente a ideia de me comprazer destes.
Os que como eu, não se interessam em ocultar seus momentos de desgosto.
Estes também encontram alguma maneira de gritar aos quatro ventos o grito silencioso. 
Pode estar na leitura, na escrita, no canto, na arte de forma geral…
Pode estar nas horas e horas diárias de trabalho, nas compensações do consumo…sei lá!
No que quer que seja, o que importa?
Sem vitimização, o fato é: o grito se abafa por detrás de alguma coisa…
e está em todo lugar.

Texto: Luciane Trevisan Leal


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