Visita


Alguém aparece frequentemente
E insiste permanecer um milésimo de segundo
Seu adeus nessa curta passagem de tão irresponsável
Transtorna, confunde, deixa inconsolável
Pois antes de sua saída, o tempo retorna
Deixando fissuras em meu universo presente
Memórias de convicções passadas,
Nunca esquecidas, acredita-se superadas, amadurecidas

A visita, sem nenhuma força contrária
Reafirma a suspensão da segurança pregressa
Na forma de nostalgia de um tempo
em que a dúvida não era uma regra
Desarranja o tempo de hoje
A quase arte da vida que pode ser percebida
por mais que não completamente vivida
Nem por isso menos segura e querida

O estrago que faz é doença da alma
Pois remonta ao não mais existente
Que por isso mesmo não acalma
Só faz confrontar o intento de negar
Faz sentir o repleto de uma outra
De um tempo que faz alusão à verdades
nunca negadas, nunca comparadas
Simplesmente prontas e acabadas

A visita traz à tona uma certa inocência
Na figura do que se tinha por decência 
Na ideia do sagrado adorado, amado
que pela mentira da vida do homem fora estragado
Por mim negado, desacreditado
O sagrado que vem para insistir interpor-se aos meus passos
Na forma de uma construção humana intolerante e inquisitiva
Que quer se fazer presente, convincente, requerente

Essa bagunça no meu arrumadinho incerto
Que parece ser o que tenho de certo
Causa confusão que me atormenta e não movimenta
Me embaralha o querer e o que de fato poder
É A visita da outra tão frequente
Que se mistura ao eu de hoje e constrói um outro ausente
Que se confunde ao decidir e no como agir
Me tirando da ignorância exequível, fazendo querer uma verdade impossível


Texto: Luciane Trevisan Leal

Um comentário:

Anônimo disse...

Recomendo, mas não li.

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2011/05/palestra-o-amor-em-santo-tomas-de.html

 

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