Sobre a Hipocrisia

O Grito - Edvard Munch

( Faz um ano e meio que isso foi escrito. Não me lembro exatamente o que me aconteceu. Mas dá pra notar que estava péssima nesse dia !!!)

Essa turba de egocêntricos move-se envolta em suas máscaras de doçura e grandeza enquanto a avareza de sua alma é encoberta. Na esteira de suas manifestações públicas se esconde a primazia de suas posições: seus preconceitos, suas ambições, sua sujeira interior, ficam ocultas no invólucro de aparências que a imbecilidade alheia entende por beleza ou leveza de ser.
A individualidade, tão exaltada nos últimos séculos, deixou um legado de egoísmo, mentira, covardia e ingratidão. E a Era da Privacidade produziu e continua a produzir uma demência individual que cria indivíduos totalmente voltados para si em detrimento do outro, da natureza, do futuro do planeta. A busca por ajuda emocional confirma a agonia de quem não consegue lidar com essa faceta de nossos tempos: a exaustiva consagração do ego. Que Nietzsche me perdoe, mas a morte de Deus, pelo que se vê, não trouxe benefícios para a humanidade. Somente manifestações do politicamente correto não dão conta da construção de atitudes coletivas que poderiam frear a destruição do planeta e o extermínio da alma humana. E quando penso o aniquilamento da alma, quero dizer alma na essência de seu significado. Essência!!! No mínimo desprovido de razão falar de essência no tempo do relativismo. Sem querer reduzir discussões filosóficas de mais de vinte séculos, a essência humana pode ser vinculada ao significado de essência em si, pureza? Mas como tratar de uma possível profundidade da alma humana, essencial e pura, em um tempo onde o relativo norteia as relações, a ciência e os valores morais e éticos?
A pureza de alma está longe de ser pleiteada. Nós, indivíduos do mundo contemporâneo, estamos muito preocupados com nossos quereres prosaicos, o que nos faz nadar na direção da corrente... de águas geladas, rasas... mas abundantes.
O trivial de hoje talvez seja o absurdo de amanhã. Pensar assim é uma insistência mental positiva. Há que se seguir uma lógica que não seja esta do relativismo contemporâneo. Talvez por que este último, é perceptível, não está dando certo. Ou por que há mesmo uma necessidade de se recriar diretrizes básicas que possam proporcionar vida no seu sentido mais completo. A destruição da alma promove a destruição do ser no mundo e do mundo que acolhe o ser. Uma reafirmação ética e moral (não falo de moralismos) talvez possam reduzir o estrago. Esteja essa reafirmação na religião, no direito, ou esteja ela nos vários setores que compõem a organização social como um todo, ela é urgente.

Texto: Luciane Trevisan Leal

Nenhum comentário:

 

  ©Template by [ Ferramentas Blog ].

Voltar ao TOPO