Quando o amor morre em um... e nasce no outro



Aproximando-se de quem um dia dividiu grandes sonhos com você, pode haver o risco de perceber no ato, que você já não mais provoca certas belezas.
Olhando nos olhos, não encontrará aquele brilho, tão velho conhecido. O olhar agora é enfadado, aborrecido perante a vida que de você emana. A tez seca, ranhuras por toda face, tristeza deixando cair as pálpebras. O riso já não abriga as cores vivas da primavera, mas transformou-se em folhas secas de outono na iminência da queda. Sua proximidade já não significa o alvorecer de um novo dia. E talvez não seja exagerado dizer que se pareça mais com o crepúsculo. Antes sonhos, agora quereres prosaicos, viagens de significados efêmeros. Discurso filtrado, palavras destiladas em sabores sem surpresas degustativas. Vinho azedo, café sem açúcar. Os gostos não ultrapassam o limite do trivial e o ordinário é o tempero do que seria a maior aventura. Logo, você compreenderá que aquele antes conhecido e amado, tornou-se um estranho. Assaz ensimesmado e distante. Não mais o dono dos sons que te alçaram à paixão. Não toma nada para si, além de si mesmo, claro! Te ofertou ao mundo…e não olhou para trás.
Mas na contrapartida, do seu coração, uma terra que você pensou infértil, brota o inusitado. Novas cores e perfumes emergem do solo seco. Os tons de amargura e decepção aos quais você insistiu ficar agarrada, se dissipam em meio à alegria de uma surpresa não esperada, mas muito bem vinda.
Um outro olhar, vivo e encorajador, deixa eclodir esperanças esquecidas e desejos adormecidos. Neste olhar corajoso e vigoroso, você descobre o desabrochar de sentimentos que se intensificam. Cada dia não é só mais um dia, mas sim único e desconcertante. Desgovernadas pelas formas nas ideias, as mentes não deixam de se unir uma a outra. Deixam-se perturbar pelas agruras externas, mas ficam ainda mais alarmadas com o riso leve que conseguem despojar. Desvendam uma a outra, protegem-se uma na outra, vivem uma para a outra. Orgulham-se de seu melhor, e atenuam a exposição de seu pior. Exaltam o sentimento que se constrói a cada minuto… e vivem cada minuto.
Seu coração te disse: você está novamente pronta. E uma outra história começa.


Texto: Luciane Trevisan Leal


23 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo!

Anônimo disse...

Que poêtico!

Anônimo disse...

Um novo amor sempre nasce, e dependendo pode até haver um recomeço de um velho amor :D

Rosangela A. Santos disse...

fiquei sem palavras .. adorei .. lindo mesmo!!

Abç.

Anônimo disse...

Bonito, Luciane. Realmente, em certo momento, a paixão viciada e dependente vai perdendo essa alucinação e dá lugar ao amor propriamente dito, mais tranquilo; mas não é preciso deixar que ele seja menos apaixonado, porque o outro deve continuar sendo sua alegria. Creio que muitos só encontram realização na novidade, e se isso não funciona bem com sapatos e roupas... que dirá com amores. :-) Como disse o Thiago Damião aqui nos comentários, esse novo amor que sempre nasce deve ser, de preferência, o mesmo velho amor que não se deixa entediar, que vai mudando com e como os dias. Beijos e sucesso no blog!

Luciane disse...

Asian, Marquinhos e Rosangela.

Muito obrigada pelos comentários. Fico feliz que gostem dos textos. Espero sempre que os textos possam promover alguma reflexão. Acho que é o mais importante.

Abraços,

Luciane

Luciane disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciane disse...

Fernanda e Thiago.

Concordo com vcs. Em gênero, número e grau. Acho que um amor grandioso não deveria nunca deixar de ser apaixonado. Não precisaria se entediar, se não nos esquecessemos de se surpreender com o outro, de encontrar a novidade do outro.
Infelizmente, a maior dor de todas as dores é dar-se conta de que seu sentimento não é mais correspondido. Foi o que tentei expressar na descrição do olhar sem vida e das palavras sem emoção que estão visíveis naquele que antes fora seu refúgio.
Viver essa dor e não se enganar acreditando na reviravolta é difícil, mas certamente, necessário.
Como a Fernanda disse bem. Muitos só encontram realização na novidade.Uma pena nem sempre sermos a eterna novidade do ser amado!(quisera eu que o olhar entediado se renovasse no olhar vigoroso)
Ainda assim, como thiago disse, acredito sim que um novo amor pode nascer no velho amor. Mas se isso não acontece, deixemos o velho amor partir e ser livre. E mais que tudo. Deixemos ainda que nosso coração se liberte, por que este, também quer e precisa viver.
Bjs e muito obrigada pelos belíssimos comentários.

Lilian disse...

Maravilhoso! De uma beleza e profundidade ímpares...parabéns! Beijos!

Erich Pontoldio disse...

O grande segredo é manter a harmonia e o respeito ... tendo isto o amor prevalecerá

Deni disse...

ótimo texto..
até comovente..

mas o amor é igual planta.
tem q ser regado..tratado...bm cuidado....se não...pra morrer....é simples...demais até
=/


www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

passa lá ?.
será bm vindo

parabens pelo seu blog...

victória montenegri disse...

O amor é uma completude naquilo que nos faz bem, um espaço de tempo singular, nunca mais vivido da mesma forma, contudo é capaz de renascer de outra forma, em outro lugar, com outra pessoa. belo texto realmente Luciane, virei aqui sempre que possivel, retribua a visita quando puder, beijoquinhas!

Lucas disse...

Lindíssimo!

O processo foi maravilhosamente descrito.

"O amor tem razões que a própria razão desconhece."

E é sempre pelos olhares... :)

Abraço Luciane.

insens disse...

poetico, roamntico, encantador..

Anônimo disse...

Muito bom parabens...

Francisco Castro disse...

Olá, um belo texto que nos deixa em situação do mais alto lirísmo. Quando o amor acaba e comerça outro é um momento que pode ser muito bonito, mas pode também ser muito triste, muito doloroso. Se as duas pessoas terminam numa boa e cada qual encontra um outro amor, então teremos um final bom.

Entretanto, se auma das partes, ou as duas partes, sai magoada, com muito amor para dar a outra pessoa, então teremos um momento, e muitos momentos, de extrema tristeza que somente o funda alma é capaz de comparar. Por que o amor as vezes ao invés de construir, destrói? ao invés de trazer a felicidade nos deixa a infelicidade e a tristeza?

Viva o amor de verdade!

Abraços

Francisco Castro

Luciane disse...

Novos Dias, 30 e poucos anos, jesica e Deni.
Obrigada pelos comentários.
Bjs e opinem sempre

Luciane

Luciane disse...

Vitória

Obrigada pelo belíssimo comentário, Vitória. Concordo inteiramente quando diz que é um espaço singular. Me lembro sempre da letra de uma música que adoro que diz: "Desfaz o vento, o que há por dentro, deste lugar que ninguém mais pisou". Sentimentos são sempre únicos. Alguns são imutáveis.
Bjs

Luciane disse...

Lucas, Insensato e Bypoesia.

Obrigada. Fico feliz que estejam sempre por aqui prestigiando.
Bjs

Valdemir Reis disse...

Olá Luciane, a paz de Deus entre nos! Estou visitando, parabéns por tão maravilhoso trabalho. Seu Post está magnífico gostei. Excelente. Votos de muito sucesso e muita proteção. Encontraremos-nos sempre por aqui. Estou esperando sua visita. Quero desejar um ótimo final de semana para você, amigos e familiares. Fique com Deus, muito brilho. Forte abraço.
Valdemir Reis

Hydro disse...

bonito blog!...e lindos pensamentos...

Parabens!

Tu visse isso?
http://tuvisseisso.blogspot.com/

Luciane disse...

Francisco

Obrigada pela opinião. Não deveria ser assim, mas às vezes o amor traz de fato infelicidade e tristeza. Infelizmente, é verdade. Somos capazes de deixar os piores defeitos passarem em branco quando vivemos um grande amor. Defeitos do outro que golpeiam nossos valores, defeitos nossos que se acentuam na reação ao outro. E acabamos por carregar para a vida as feridas.
O importante na minha opinião, é não permitir que as feridas permaneçam abertas. Mesmo que vc acredite já ter vivido a sua grande história de amor, permita-se descobrir em um novo olhar.

Bjs

Luciane disse...

Valdemir e Hidro.

Muito Obrigada.

 

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