Desperdício de uma raridade



Que pressão era aquela que desalinhava a forma?
Uma forma perfeita, no mais estrito senso da palavra
Que lentidão era aquela que não permitia a união definitiva dos corpos?
O dar-se as mãos. O agir em dupla no jogo. O pacto eterno.
Que força de hábito poderia ser maior que aquela emanação de vida?
E por que o costume insistia em resistir ao sublime inusitado do amor.
Qual seria a força nefasta e o que ela mascarava?
Seria o medo? Da pura e simples entrega? Da abnegação do ego?

O atraso, a imobilidade diante do tempo, o toque cego e apreensão de qualquer porcaria.
O desperdício das raras sensações, a fuga dos clichés românticos.
Em troca de quê? De uma racionalidade áspera e dispensável?
Tão somente para falar com propriedade: de orgulho e vaidade.
Estes éramos nós, deixados à mercê da pressão das pressões.
Da incapacidade de lidar com a novidade da força daqueles sentimentos.
Estávamos nós realmente relegados do paraíso?
Foi até aonde nos permitimos chegar?

Nos facultamos gastar nosso tempo tentando convencer o outro de algo, mas do quê?
Desperdiçamos nosso dias com mal entendidos, nunca de fato!
E hoje nos encontramos na mais perfeita sintonia: com o comum.
Encontramos a paz derradeira sob a mais rematada derrota.
Podemos dizer que superamos. E olhem para nós!
Belos e bem sucedidos… tristes no mundo e pelo mundo
Fingindo ter atingido a dignidade, longe das intimações do amor.
Realmente acreditando que elas foram nossa ruína.

Texto: Luciane Trevisan Leal

5 comentários:

Débora Francischini disse...

Esse desperdício nos acompanha, nos maltrata até...
Vida que poderia ser desfrutada com total plenitude por muitas vezes podadas por medo ou insegurança.
Um lindo poema querida, belíssimo em cada verso...
Beijo

Pastor Julio disse...

Como entender o próximo, quando as vezes não entendemos nem a nós mesmos. A duras penas entendi que no relacionamento a dois as vezes perder e ganhar. Parabéns pela postagem!

Anônimo disse...

Sobre o quê estamos falando mesmo?

Luciane disse...

Debora.
Sim. O desperdício nos maltrata. Nos deixamos maltratar por dar mais razão à inseguranças do que às razões do amor.
Pastor Júlio.
Certamente o mais difícil seja entender a nós mesmos. Essa é a limitação que impõe limitações mais sérias quando nos relacionamos.

Agradeço a leitura e a participação.
Abraços,
Luciane

Luciane disse...

Anônimo.

Com quem estou falando mesmo?

 

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